Lentamente, eficientemente, pacificamente, os espanhóis estarão a fazer com Portugal, pela via da economia e das finanças, o que não conseguiram fazer pela via das armas?
A desproporção é imensa e crescente, não apenas em território, população ou outros recursos. Também, e sobretudo, em termos de visão, de estratégia e de vontade de vencer. Só mesmo a coexistência pacífica (num contexto democrático e de integração europeia), a moderação voluntária das ambições dos espanhóis ou uma resistência (mais romântica e "histórica" do que prática) por parte dos portugueses poderão evitar um "take-over" efectivo do nosso país pela grande e poderosa Espanha. E os exemplos de portugueses que desistem do romantismo da Nação em favor dos seus interesses materiais, para se colocarem nos braços do poder espanhol, não faltam nos mais variados sectores (energia, indústria, banca, seguros, transportes, turismo, grande distribuição, etc.).
Por outro lado, dada a multiplicação de más decisões tomadas nos últimos anos pela "classe dirigente" portuguesa, está por provar que as decisões dos espanhóis sobre os interesses portugueses sejam piores do que as dos próprios portugueses... Quanto custa a preservação da nossa identidade e da nossa putativa independência? Mas, é sem dúvida verdade que há bens que não têm preço e que, eticamente, talvez seja melhor ser pobre e independente do que rico e escravo de consciência.
1 comentário:
"talvez seja melhor ser pobre e independente do que rico e escravo de consciência" - o problema é que, sendo-se pobre, talvez não se possa ser independente e, portanto, não se trata de uma verdadeira escolha: é preciso ser-se rico e independente ao mesmo tempo!
Enviar um comentário