No "Le Monde" de hoje (2a. página), Éric Le Boucher publica uma crónica sobre a importância do nível de estudos na determinação do percurso social e económico das pessoas. Nos Estados Unidos, em 2000, o salário mediano semanal dos indivíduos com um curso superior era de cerca de 950 dólares (cerca de 160 contos) contra um valor de pouco mais de 300 dólares (50 contos) para os indivíduos com estudos de nível secundário. E esse fosso tem-se agravado desde os anos 70.
II
A avaliar
- pela quantidade e lotação de festas de fim-de-ano com um preço por cabeça superior a 50 contos,
- pela quantidade de carros de alta e altíssima cilindrada que circulam nas nossas estradas,
- pela afluência das pessoas aos restaurantes mais caros, não apenas em datas especiais,
- pelo aumento este ano da despesa global em prendas de Natal,
- pela escolha de destinos exóticos para as férias de Natal e Ano Novo por parte de um número crescente de pessoas,
- pelo aumento dos casos de tuberculose,
- pelo aumento da taxa de desemprego,
- pela subida dos salários médios abaixo da inflação,
- pelo crescimento do abandono escolar,
- pelo aumento dos sem-abrigo que "decoram" as nossas grandes cidades,
o país estagna em termos médios, uma pequena parte do país prospera a olhos vistos, uma grande parte fica cada vez mais para trás na corrida pelo sucesso e pela riqueza. Há economistas que defendem a existência de um nível óptimo de desigualdade para acelerar o crescimento até determinado patamar. Como já defendi anteriormente neste blog, penso que a distribuição do rendimento não deve ser apenas um instrumento de crescimento. A igualdade deve ser uma finalidade em si mesma, um atributo fundamental do desenvolvimento.
III
A desigualdade e a exclusão não se combatem com medidas de tipo assistencial como o rendimento mínimo garantido ou rendimento de inserção (como lhe chamam os franceses). Essas medidas, como todos os subsídios, geram oportunismo, clientelismo, parasitismo, miserabilismo, desperdício. Não há pior dinheiro do que o dinheiro fácil.
IV
O aumento da idade de reforma dos professores, a redução do número de alunos e a pressão de recém licenciados para se tornarem professores como "alternativa" ao desemprego estão a gerar uma situação muito delicada nas escolas, com a multiplicação de situações de desemprego oculto e de sub-emprego.
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