segunda-feira, julho 30, 2012
A favor de Fernando Pessoa
Há muitas banalizações do poeta, transformado em ícone para vender todo o tipo de mercadorias, desde biografias mais ou menos pitorescas, auto-colantes, estátuas e estatuetas, frases avulsas, impressas em papel ou tecido de cores garridas, ementas de restaurantes duvidosamente gastronómicos, etc. Basta abrir um guia turístico da TAP para encontrar as referências mais abstrusas ao pobre Pessoa, elevado ao estatuto de galo de Barcelos da cidade de Lisboa. Se cá voltasse, Pessoa pediria seguramente para lhe mudarem o nome e para respeitarem a sua verdadeira genialidade, em vez de o converterem em objecto de marketing, tantas vezes de mau gosto.
Nos tempos que correm, alguém putativamente “pessoano” descobre no fundo de um baú um pequeno bilhete que o poeta escreveu ao chefe a dizer que chegava mais tarde ao escritório e tal pequena frase torna-se mais uma prova inequívoca do contributo de Pessoa para a literatura universal. Poupem o homem e não venham dizer que também é assim com Beethoven em Salzburg ou com Kafka em Praga ou com James Joyce em Dublin.
domingo, julho 29, 2012
Para quem gosta de tomar decisões impulsivas e da liberdade que só uma moto oferece
sábado, julho 28, 2012
Pelo menos uma mosca
A mulher tinha morrido há um ano de uma trombose que a pôs vegetal durante umas semanas, antes de se apagar de todo. Fazia-lhe falta. Andavam às turras de vez em quando, por coisas insignificantes, mas a ternura de uma vida ganhava sempre. Faziam-lhe falta as suas palavras de manhã cedo: "Manuel estás bem?" como se tivesse dúvidas de que ainda estava vivo. Ele respondia: "Passa-me o penico". E ficava tudo aliviado.
Uma mosca pousou no braço. Hesitou em espantá-la. Afinal era uma mosca aparentemente interessada no seu suor e sangue. Deixou-a passear na pele, observando os movimentos repentinos do animal. Voou antes de o morder. Por clemência ou por desilusão pela qualidade da presa. Achou que foi por clemência e sentiu-se um bocadinho amado. Por uma mosca.
Saiu à pressa um dos netos, sem perceber que quase tropeçava no "velho". Pegou na mota e desapareceu a fundo para lá do calor e das discussões do almoço. Depois saíram todos. O filho saudou-o de repente. E continuou no degrau da porta à espera de alguém que lhe desejasse bom dia ou que se queixasse do calor. Pelo menos, uma mosca.
Cara inflação: regressa, estás perdoada
quinta-feira, julho 26, 2012
Finally!
Será que estamos perante a luz ao fundo do túnel e que a regulação bancária implementada por FDR para evitar um descalabro semelhante ao de 1929 estará, brevemente, de volta, Ou será ainda cedo demais para deitar foguetes?
A placa "“The Shatterer of Glass-Steagall ”
Pessoalmente, acho que o debate vai continuar mas que nada mudará. Banker’s remorse? Yeah, right, I’ll believe it when I see it! O que pensa o economista residente cá do sítio?
quarta-feira, julho 25, 2012
Espagne : de plus en plus préoccupante
"Confrontée à l'envolée de ses coûts de financement, qui risquent de la contraindre à solliciter une aide extérieure, l'Espagne a demandé mardi à l'Union européenne d'appliquer rapidement les décisions prises à la fin de juin par les chefs d'Etat et de gouvernement de la zone euro pour endiguer la crise de la dette. Le Trésor espagnol a dû consentir un rendement de 3,691% pour emprunter des capitaux à six mois, soit près d'un demi-point de plus que le mois dernier, l'un des taux les plus élevés servis à court terme depuis la création de l'euro. Cette adjudication s'est déroulée sur fond de craintes croissantes de voir les difficultés budgétaires des régions espagnoles remettre en quesetion la priorité du gouvernement de Mariano Rajoy : éviter un plan d'aide européen à l'Etat lui-même en plus de celui déjà décidé pour les banques.
C'est désormais la situation des régions autonomes qui préoccupe les marchés. La communauté de Valence a été vendredi la première d'entre elles à solliciter l'aide de l'Etat central pour assurer ses besoins de financement. Mardi la Catalogne, qui représente à elle seule près de 20 % de l'activité économique du pays, a déclaré envisager de faire appel au fonds de 18 milliards d'euros mis en place par le gouvernement pour venir en aide aux régions, privées de fait de tout accès aux marchés de capitaux."
terça-feira, julho 24, 2012
R.I.P. Dr. Ride
- the first American woman to fly in space
- a symbol of the ability of women to break barriers
- she founded her own company(…) motivating young girls and boys to stick with their interests in science and to consider pursuing careers in science, technology, engineering, and math
- Sally lived her life to the fullest, with boundless energy, curiosity, intelligence, passion, joy, and love. Her integrity was absolute; her spirit was immeasurable; her approach to life was fearless
- Sorry to see you go; I wish I'd known you; We need more like you
1951 – 2012
segunda-feira, julho 23, 2012
Big troubles
Until or unless confidence in Spain and Italy’s membership of the euro is restored, it is likely that capital outflows will continue, maintaining an unsustainably high cost of capital for both the private and public sectors and putting downwards pressure on domestic demand. So it is of utmost importance that the European authorities begin to implement the recent summit announcements quickly and effectively. Unfortunately, it seems the opposite may more likely be the case."
in "European economics", by Yiagos Alexopoulos of Economics Research, Crédit Suisse
domingo, julho 22, 2012
Sr Joaquim
sábado, julho 21, 2012
I am woman, hear me roar!
Gosto desta senhora: http://www.youtube.com/watch?v=CP-Zb5HoPjM&feature=related
E que tal se começássemos a apreciar o que é nosso?
Talvez que Lisboa seja a primeira coisa que os estrangeiros associem a Portugal (por razões obvias) mas, a meu ver, o nosso país é muito mais do que a sua capital. Já “no meu tempo” se dizia que “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”, e já no meu tempo achava essa frase um grandessíssimo disparate. Acho ser possível valorizar o que é nosso sem cairmos numa de arrogância, patriotismos, nacionalismos ou húbris tão comum a certos povos - e também não tem necessariamente de ser sinónimo de provencialismo. E quanto ao patrimonio nacional, acho mais importante recuperar (caiar, pintar, limpar, etc.) aquilo que temos do que copiar o que vem de fora.
domingo, julho 15, 2012
North Atlantic
http://www.youtube.com/user/yourfilmfestival?x=player%2FaScwR4tmFmI__en_us
Viva!Depois de um ano fantástico nalguns dos mais importantes festivais internacionais de cinema, o meu primeiro filme - NORTH ATLANTIC - foi recentemente seleccionado como uma das 50 melhores curtas entre 15 000 concorrentes no Youtube Film Festival. Agora, e até 13 de Julho, vai estar online para que o publico possa votar, elegendo os 10 melhores. Estes serão exibidos no Festival de Veneza, onde Ridley Scott escolherá um realizador/projecto de longa metragem para produzir. Como me podem ajudar? Passando o filme a um numero máximo de pessoas, sugerindo que o vejam e que, SE gostarem, votem e partilhem (com o link sempre acompanhado pelo título do filme, para que o primeiro nao se extravie). Caso gostem do filme e queiram e possam ajudar-me, por favor partilhem-no por fb, mail ou como puderem. Nesse caso, acrescentem que é a única curta portuguesa nas meias-finais deste campeonato do mundo de curtas! NORTH ATLANTIC (vejam o filme em HD/full screen/auscultadores) está aqui:
http://www.youtube.com/user/yourfilmfestival?x=player%2FaScwR4tmFmI__en_us
Para os apoiantes mais olímpicos: é possivel (e muito desejável!) votar uma vez por dia!A todos muito obrigado, um abraço,Bernardops: North Atlantic foi premiado em Varsóvia, Milão, Tóquio, Vila do Conde, Alaska(!), Savannah, Açores, Katowice, Funchal e Los Angeles, e seleccionado para BFI Londres (estreia), Palm Springs, Rio de Janeiro, Aspen, Toronto, Durban, Ankara, Bucareste e Vancouver entre muitos outros.
Woody Allen já chateia mas este é um filme divertido a não perder, se mais não for pelo pano de fundo...
Proteccionismo
[Pequeno parêntesis: lembram-se da Coreia do Sul nos anos 1960 e 1970? Era acusada de tudo isso! Protegeu esses factores “indecentes” de competitividade com o apoio activo (e autoritário) do Estado e saiu de uma situação de economia rural atrasada para uma de potência industrial. Infelizmente, o único factor de competitividade dos países pobres é a pobreza... até dela sairem... e poderem aplicar as políticas dos países virtuosos! Parêntesis fechado.]
Portanto, os países virtuosos devem proteger as suas economias... sem descurar a melhoria dos factores de competitividade nos sectores convencionais e um esforço de “upgrading” do padrão de especialização, privilegiando actividades de mais alto valor acrescentado. O blá-blá do costume que vai de caras contra o facto de que o emprego não se cria, no imediato, dentro de laboratórios de investigação científica. O emprego cria-se no curto prazo onde se precisa de trabalho com as qualificações disponíveis. A capacidade para vender no exterior depende de factores quantitativos (volume e preço) e qualitativos (qualidade, fiabilidade, design, eficiência na distribuição, serviço após venda). Nos bens e serviços “banais”, que continuam a representar uma parte substancial das (nossas) exportações e que estão mais expostos à concorrência dos países pobres e criminosos, o preço desempenha um papel central e nesse preço incluem-se coisas como o custo global do trabalho e o custo de inputs materiais (essencialmente energia e outros consumos intermédios).
O custo do trabalho corresponde à massa salarial (onde se incluem salários directos e indirectos, estando nos últimos as contribuições para a segurança social e outros benefícios) a dividir pelo valor da produção. Ou seja, nesse conceito está implícita a produtividade. Mais produtividade permitirá reduzir o custo unitário do trabalho, podendo-se manter ou mesmo aumentar a massa salarial. Por conseguinte, não teremos de empobrecer para segurar a competitividade-preço se a produtividade aumentar. Mas, o aumento da produtividade não implica apenas investimento em capital mais sofisticado. Implica mudanças qualitativas nos modos de produzir, nos métodos de gestão.
Quanto aos consumos intermédios, o que é preciso é eliminar rendas de situação, monopólios ou oligopólios que geram lucros desmesurados para uns tantos accionistas à custa do sistema produtivo e dos consumidores domésticos. Liberalizar sectores como a energia, as telecomunicações e outras infraestruturas de base não deve ser uma questão ideológica mas um imperativo de eficiência económica e de justiça social. Quanto se ganha em competitividade internacional por cada ponto percentual de redução do retorno accionista excessivo das empresas dominantes desses e doutros sectores de bens e serviços não transaccionáveis?
Os últimos parágrafos desviaram-me (saudavelmente) do argumento de partida. Recomecemos! Depois de fazer um salto colossal por cima das considerações que fiz nesses (intempestivos) parágrafos, dir-se-ia, portanto, que o proteccionismo desempenharia uma dupla função: salvaguarda do tecido produtivo e dos empregos dos países virtuosos em que vivemos e arma (político-económica) para fazer vergar os países pobres e criminosos de modo a imporem aos seus produtores, o mais rapidamente possível, as virtuosas regras dos países de velha industrialização. Assim se restabeleceriam as condições de uma concorrência leal. O comércio internacional seria finalmente fantástico de um ponto de vista económico, ético e político.
Aceitemos por um momento esta ficção... porque a Economia vive de ficções (de “factos estilizados”). O proteccionismo só tem sentido para proteger indústrias nascentes (proteccionismo de List) ou no caso de contar com significativas economias de escala. Portanto, suponho que o proteccionismo de que se fala seria aplicável ao nível de grandes economias (como os Estados Unidos) ou de grandes espaços económicos (como a União Europeia), transformados em fortalezas face ao Resto do Mundo, dentro das quais a eficiência poderia continuar a ser perseguida. Talvez houvesse um ligeiro problema de prejuizo do bem-estar económico mundial, mas que se justificaria pelo incremento do bem-estar económico no interior de cada uma dessas fortalezas durante algum tempo, até que todo o Mundo fosse virtuoso, em consequência desse proteccionismo pedagógico transitório.
Mas como conceber um proteccionismo colectivo da UE face ao Resto do Mundo quando no seio da própria UE eclodem tendências proteccionistas nacionais? Ontem o novo Presidente de França disse que estava disposto a subsidiar a compra por franceses de automóveis politicamente correctos (híbridos, amigos do ambiente, etc.) fabricados em França. Talvez a França tenha economias de escala que cheguem, mas um país como Portugal...
E depois, estamos a falar de que Resto do Mundo? Criteriosamente seleccionado segundo que critérios económicos e/ou políticos? Protecionismo por quanto tempo e até serem cumpridos que critérios de leal concorrência? Proteccionismo mediante que instrumentos? Taxas de câmbio? Barreiras aduaneiras? Especificações técnicas? Condicionalidade ambiental, social, politica? Proteccionismo hostil e unilateral ou negociado no âmbito da Organização Mundial de Comércio?
Parece-me que o proteccionismo como conceito seja uma manifestação de desespero e de impotência. Seria necessário admitir esta coisa elementar: a chegada dos pobres ao clube dos ricos (por meios seguramente pouco humanos e ecológicos, esperemos que transitoriamente) implicará sacrifícios durante algum tempo nos países ricos há muito tempo. Será inevitavelmente necessária a perequação de w/r com a convergência de K/L, num contexto em que o capital e o trabalho são cada vez mais móveis e, no âmbito de cada um deles, cada vez mais fungíveis.
“We are running out of policy rabbits to pull out of policy hats”
sábado, julho 14, 2012
Dois dos meus favoritos:
Uns com tanto, outros sem nada
http://www.rollingstone.com/culture/news/the-sharp-sudden-decline-of-americas-middle-class-20120622
- “The Safe Parking program is not the product of a benevolent government. (…) An appeals court compared one city ordinance forbidding overnight RV parking to anti-Okie laws in the 1930s. (…) local activists launched the Safe Parking program (…). But since the Great Recession began, the number of lots and participants in the program has doubled.”
- “People are crying, they're saying, 'I've never experienced this before. I've never been homeless.' They don't want to mix with homeless people. (…) they're lost, they're humiliated, they're rejected, they're scared, and they're very ashamed. (…) all of a sudden, you're in your car.”
- By 2009, formerly middle-class people like Janis Adkins had begun turning up – teachers and computer repairmen and yoga instructors seeking refuge in the city's parking lots. Safe-parking programs in other cities have experienced a similar influx of middle-class exiles, and their numbers are not expected to decrease anytime soon.”
- “It can take years for unemployed workers from the middle class to burn through their resources – savings, credit, salable belongings, home equity, loans from family and friends. (…) Janis Adkins (…) "She's the tip of the iceberg," (…) "There are many people out there who haven't hit bottom yet, but they're on their way – they're on their way."
- “Government-aid agencies and private charities demand that applicants show a bundle of identifying documents (…) Many people don't have all of the required documents; homeless people often have none. (…) at the aid agencies where they applied, (…) many (…) denied basic services for lack of paperwork.”
- “(…) welfare applicants must (…) disclose every possession and conceivable source of income they have. (…) many people (…) couldn't get food stamps because (…) car is worth too much(…) ‘OK, you have a car. But you've lost everything – your house, your job, your pride – and all you have left is that car and all of your belongings in it. And they say, You still have too much. Lose it all.' You have to have nothing, when you already have nothing."
- “When welfare applicants finally prove that they exist, and show their material worth to be nothing, they usually receive far less than they need to live on.”
- “Most of the social-service systems in the United States function not to help people (…) get back to where they were, to a point of productive stability, but (…) to merely reduce the chances that they will starve. Millions of middle-class Americans are now receiving unemployment benefits, and many find themselves compelled by the meagerness of the assistance to shun opportunity and forgo productivity in favor of a ceaseless focus on daily survival. The system's incoherence and contempt for its dependents fluoresce brilliantly in the wake of a historic event like the Great Recession. When floodwaters cover our homes, we expect that FEMA workers with emergency checks and blankets will find us. There is no moral or substantive difference between a hundred-year flood and the near-destruction of the global financial system by speculators immune from consequence. But if you and your spouse both lose your jobs and assets because of an unprecedented economic cataclysm having nothing to do with you, you quickly discover that your society expects you and your children to live malnourished on the streets indefinitely.”
- “These systems (…) degrade and humiliate people. They're not solutions. They're Band-Aids on wounds that are pusing and bleeding."
- “However long it takes to lose everything, to get to the point where you're driving away from your repossessed home, the final unraveling seems eye-blink fast, because there is no way to imagine it. (…) you (…) won't have a mental category for your own homelessness (…) reality (…) seems to have sprung from nowhere.”
- “When negative thoughts come, it's important to be able to say, 'It's just a thought,(…)Just let it go.' When I get really down, I try to look at a worse-case scenario, like the pictures of the Haiti earthquake. I go, 'What could I do to help?' Things like that drive me forward." She also reminds herself to be grateful (…). Gratitude snuffs out self-pity.”
“Pensei na minha avó” - Diz o agente que lhe pagou a conta
Alegrias de Verão
sexta-feira, julho 13, 2012
quinta-feira, julho 12, 2012
domingo, julho 08, 2012
A necessidade de Deus
Descobrir a chamada Partícula de Deus, a origem da matéria, o infímo a partir do qual a máquina do universo se pôs a funcionar, o que está a montante do que se julgava mais elementar, enfim, descobrir cientificamente a origem de todas as coisas tem um significado “monstruoso”. Estabelece o caminho para donde viemos e porque aqui chegámos, do que somos feitos. No fundo, elimina uma parte da necessidade de Deus e demonstra claramente que não foi Deus que criou o Homem, mas sim o contrário. Foi o Homem que criou Deus à sua imagem e semelhança, para melhor, porque o Homem é visceralmente fraco.
Ou seja: trata-se de uma descoberta que abre o caminho a investigação fascinante, não apenas no domínio da Física mas também no da Teologia. De facto, como já disse, o que está em causa é a necessidade de Deus. Mesmo que não tenha sido Deus a criar o Universo talvez se precise Dele para lutar contra o mêdo, para dar esperança e, sobretudo, para preencher esse horrivel vazio que é a morte e o possivel Nada de depois da morte. E parece que a Deus se chega com o coração, não com a cabeça.
sábado, julho 07, 2012
Policia Turística
http://www.thenational.ae/deployedfiles/thenational/Sound%20and%20Vision/PDFs%20and%20others/proch.torsit.police1.jpg
As manas Cohen
20 anos depois entrevista-se a si próprio quando tinha 12 anos (say what?)
Jeremiah McDonald, 32 anos, cineasta; Jeremiah McDonald, menino precoce aos 12 anos, decidiu filmar-se para conversar consigo próprio 20 anos mais tarde. O (engraçado) resultado e' este video.
Wall Street Journal
Adivinhem quem esta' em 9º lugar
Os 13 países que controlam o ouro do mundo:
domingo, julho 01, 2012
Mais um pequeno passo...
1) A União Europeia ajuda directamente os bancos sem passar pelos Estados... mas só quando o controlo dos bancos estiver nas mãos do Banco Central Europeu, ou seja, lá para o ano que vem. Não passar pelos Estados é bom porque alivia a promiscuidade entre bancos e Estados e porque não aumenta a dívida externa pública... apesar da dívida externa total do país em questão aumentar de qualquer modo. Por outro lado, assim se esvaziam ainda mais as funções dos bancos centrais nacionais.
2) Não resulta claro se essa ajuda específica aos bancos implicará igualmente condicionalidade macroeconómica como no caso de outros pacotes de assistência (e.g. Portugal). Parece que, sendo o problema especificamente bancário, os países em questão (desde logo a Espanha) não terão de apertar o cinto. Mas, admitindo que, pelo menos, o problema irlandês tenha sido também especificamente bancário, então a Irlanda pode queixar-se de lhe terem imposto sofrimento excessivo.
3) A União Europeia pode comprar títulos de dívida pública no mercado secundário e não terá estatuto de credor privilegiado, isto é: não será o primeiro credor a ser reembolsado em caso de escassez de meios de pagamento do devedor. Isto é definitivamente bom porque evita a fuga dos credores privados, os quais, num cenário de “Preferred Creditor Status” da UE, não estariam dispostos a emprestar nem mais um cêntimo aos Estados.
4) Foi acordado um aumento do capital do Banco Europeu de Investimento de 10 mil milhões de euros com o objectivo de aumentar a capacidade de concessão de crédito dessa instituição em cerca de 60 mil milhões de euros, o que poderá permitir investimentos da ordem de 180 mil milhões de euros para relançar a economia e o emprego (menos de 1.5% do PIB da UE).
No meio de tudo isto a injecção de dinheiro nos bancos espanhóis e a renúncia ao estatuto de credor privilegiado são as medidas com maior impacto imediato para acalmar os mercados. Mas, a viabilidade do euro na sua actual configuração não está assegurada e a Alemanha continua a dizer que apenas aceita a mutualização da dívida (eurobonds) quando, enquanto principal credor, puder controlar os orçamentos nacionais. Ou seja: união económica, monetária, bancária, fiscal traduz-se numa crescente partilha de soberania que resulta tendencialmente em união política, como sempre, controlada pelos mais fortes.