segunda-feira, julho 30, 2012

A favor de Fernando Pessoa

Sou um insuspeito admirador da obra de Fernando Pessoa. Não posso dizer que sou um especialista ou sequer profundo conhecedor, mas foi com grande prazer que descobri, por exemplo, o Livro do Desassossego de Bernardo Soares.

Há muitas banalizações do poeta, transformado em ícone para vender todo o tipo de mercadorias, desde biografias mais ou menos pitorescas, auto-colantes, estátuas e estatuetas, frases avulsas, impressas em papel ou tecido de cores garridas, ementas de restaurantes duvidosamente gastronómicos, etc. Basta abrir um guia turístico da TAP para encontrar as referências mais abstrusas ao pobre Pessoa, elevado ao estatuto de galo de Barcelos da cidade de Lisboa. Se cá voltasse, Pessoa pediria seguramente para lhe mudarem o nome e para respeitarem a sua verdadeira genialidade, em vez de o converterem em objecto de marketing, tantas vezes de mau gosto.

Nos tempos que correm, alguém putativamente “pessoano” descobre no fundo de um baú um pequeno bilhete que o poeta escreveu ao chefe a dizer que chegava mais tarde ao escritório e tal pequena frase torna-se mais uma prova inequívoca do contributo de Pessoa para a literatura universal. Poupem o homem e não venham dizer que também é assim com Beethoven em Salzburg ou com Kafka em Praga ou com James Joyce em Dublin.

domingo, julho 29, 2012

Para quem gosta de tomar decisões impulsivas e da liberdade que só uma moto oferece




(a música  de Bob Seger põe-me sempre bem disposta – que é o que preciso para começar a semana)

*** Uma boa semana a todos ***

sábado, julho 28, 2012

Pelo menos uma mosca

Estava sentado no degrau à porta de casa. Era depois de almoço, estava abafado e a rua vazia. Tinha a cabeça cheia do barulho do almoço. Tinham berrado como doidos por causa de doenças, dinheiro, inveja, traição. Tinha chegado ao ponto de estar bem no seu próprio mundo, exausto de desavenças prosaicas, típicas de gente com sangue ainda demasiado quente. As rugas, os cabelos grisalhos e esporádicos, os olhos de cão ferido, as mãos trémulas faziam dele uma estátua de respeito. Esperava que passasse alguém para ter a certeza de que não era o último sobrevivente, de que havia mundo para lá daquele almoço.

A mulher tinha morrido há um ano de uma trombose que a pôs vegetal durante umas semanas, antes de se apagar de todo. Fazia-lhe falta. Andavam às turras de vez em quando, por coisas insignificantes, mas a ternura de uma vida ganhava sempre. Faziam-lhe falta as suas palavras de manhã cedo: "Manuel estás bem?" como se tivesse dúvidas de que ainda estava vivo. Ele respondia: "Passa-me o penico". E ficava tudo aliviado.

Uma mosca pousou no braço. Hesitou em espantá-la. Afinal era uma mosca aparentemente interessada no seu suor e sangue. Deixou-a passear na pele, observando os movimentos repentinos do animal. Voou antes de o morder. Por clemência ou por desilusão pela qualidade da presa. Achou que foi por clemência e sentiu-se um bocadinho amado. Por uma mosca.

Saiu à pressa um dos netos, sem perceber que quase tropeçava no "velho". Pegou na mota e desapareceu a fundo para lá do calor e das discussões do almoço. Depois saíram todos. O filho saudou-o de repente. E continuou no degrau da porta à espera de alguém que lhe desejasse bom dia ou que se queixasse do calor. Pelo menos, uma mosca.

Cara inflação: regressa, estás perdoada

A solução a curto prazo para a trapalhada do euro será a inflação, pilotada pelo BCE, mediante as suas caudalosas injecções de liquidez. Inflação, esse anátema da Alemanha, será, no entanto, um disfarce temporário dos desequilíbrios e da falta de eficiência das economias menos competitivas. O BCE será o veículo de mutualização a que a Alemanha se tem oposto, designadamente, a propósito das eurobonds. As verdadeiras eurobonds serão os (re)financiamentos do BCE aos bancos e aos Estados (através dos bancos).

quinta-feira, julho 26, 2012

Finally!

http://video.cnbc.com/gallery/?video=3000105372

Será que estamos perante a luz ao fundo do túnel e que a regulação bancária implementada por FDR para evitar um descalabro semelhante ao de 1929 estará, brevemente, de volta, Ou será ainda cedo demais para deitar foguetes?

A placa "“The Shatterer of Glass-Steagall ”

Pessoalmente, acho que o debate vai continuar mas que nada mudará. Banker’s remorse? Yeah, right, I’ll believe it when I see it! O que pensa o economista residente cá do sítio?

quarta-feira, julho 25, 2012

Espagne : de plus en plus préoccupante

Copiado de "Le Monde.fr":

"Confrontée à l'envolée de ses coûts de financement, qui risquent de la contraindre à solliciter une aide extérieure, l'Espagne a demandé mardi à l'Union européenne d'appliquer rapidement les décisions prises à la fin de juin par les chefs d'Etat et de gouvernement de la zone euro pour endiguer la crise de la dette. Le Trésor espagnol a dû consentir un rendement de 3,691% pour emprunter des capitaux à six mois, soit près d'un demi-point de plus que le mois dernier, l'un des taux les plus élevés servis à court terme depuis la création de l'euro. Cette adjudication s'est déroulée sur fond de craintes croissantes de voir les difficultés budgétaires des régions espagnoles remettre en quesetion la priorité du gouvernement de Mariano Rajoy : éviter un plan d'aide européen à l'Etat lui-même en plus de celui déjà décidé pour les banques.

C'est désormais la situation des régions autonomes qui préoccupe les marchés. La communauté de Valence a été vendredi la première d'entre elles à solliciter l'aide de l'Etat central pour assurer ses besoins de financement. Mardi la Catalogne, qui représente à elle seule près de 20 % de l'activité économique du pays, a déclaré envisager de faire appel au fonds de 18 milliards d'euros mis en place par le gouvernement pour venir en aide aux régions, privées de fait de tout accès aux marchés de capitaux."

terça-feira, julho 24, 2012

Mugsy: admiro-te a coragem!

R.I.P. Dr. Ride


  •  the first American woman to fly in space
  •  a symbol of the ability of women to break barriers
  • she founded her own company(…) motivating young girls and boys to stick with their interests in science and to consider pursuing careers in science, technology, engineering, and math
  • Sally lived her life to the fullest, with boundless energy, curiosity, intelligence, passion, joy, and love. Her integrity was absolute; her spirit was immeasurable; her approach to life was fearless
  • Sorry to see you go; I wish I'd known you; We need more like you

Sally Kristen Ride, Ph.D.
1951 – 2012

segunda-feira, julho 23, 2012

Big troubles

"Since the middle of last year the net capital flows [in Italy and Spain] have been entirely outwards, at a considerable pace. In Spain’s case those outflows have continued to accelerate through the second quarter and are currently running at an annual rate of around 50% of Spanish GDP. (...)

Until or unless confidence in Spain and Italy’s membership of the euro is restored, it is likely that capital outflows will continue, maintaining an unsustainably high cost of capital for both the private and public sectors and putting downwards pressure on domestic demand. So it is of utmost importance that the European authorities begin to implement the recent summit announcements quickly and effectively. Unfortunately, it seems the opposite may more likely be the case."

in "European economics", by Yiagos Alexopoulos of Economics Research, Crédit Suisse

domingo, julho 22, 2012

Sr Joaquim

Há uns tempos chorava por tudo e por nada. Bastava ouvir o hino e punha-se a chorar. Via uma criança com fome a passar na televisão e chorava. Dizia a alguém que certa pessoa tinha morrido e chorava. Agora o Sr Joaquim está fodido: bateu-lhe à porta uma daquelas doenças de merda e a esposa mergulha numa apatia de legume e ele não chora. Deixou de chorar, valente como o granito, os olhos amarelados disparam uma raiva incrível para resistir, para mandar o sofrimento e a morte à puta que os pariu. Grande Sr Joaquim! O cansaço da dor e a iminência da morte secaram-lhe as lágrimas. Mas, de vez em quando, sorri com uma doçura inesperada, esperando um gesto de ternura dos que, atropelados pelas urgências da vida, não têm paciência para a fragilidade (patética, dizem eles…) dos velhos que deslizam inexoravelmente para o frio da terra.

sábado, julho 21, 2012

I am woman, hear me roar!


   Gosto desta senhora: http://www.youtube.com/watch?v=CP-Zb5HoPjM&feature=related


“I  like  my  quite  time…I’m  a  thinker.” 

E que tal se começássemos a apreciar o que é nosso?

Segue-se um link para um artigo que um americano escreveu para o NYT sobre a capital portuguesa (que, na minha modesta opinião, nem é o melhor que o nosso país tem para oferecer):Como me apaixonei por Lisboa


 Talvez que Lisboa seja a primeira coisa que os estrangeiros associem a Portugal (por razões obvias) mas, a meu ver, o nosso país é muito mais do que a sua capital. Já “no meu tempo” se dizia que “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”, e já no meu tempo achava essa frase um grandessíssimo disparate. Acho ser possível valorizar o que é nosso sem cairmos numa de arrogância, patriotismos, nacionalismos ou húbris tão comum a certos povos - e também não tem necessariamente de ser sinónimo de provencialismo. E quanto ao patrimonio nacional, acho mais importante recuperar (caiar, pintar, limpar, etc.) aquilo que temos do que copiar o que vem de fora.


O que me levou a escrever este post foi a seguinte frase: “(...) one of my new friends (...) was genuinely surprised when I remarked how lovely Lisbon is.” Surpreendido porquê? Lisboa é “lovely”. Portugal inteiro é “lovely” e tem muito para oferecer. Is there room for improvement? Absolutely, mas que tal apreciar o que temos e deixarmo-nos de tanto drama, masoquismo, auto-flagelação, “self-pity” , pode ser? Não quero com isto dizer que auto-critica não seja importante ou saudável, mas tudo tem limites.
Aplaudo as iniciativas de combate à crise mencionadas no artigo  “(...) Portugal’s economic woes (…) have (…) unleashed a creative spirit among its people, who are taking chances, improvising (…) trying to boost tourism.Há sempre luz ao fundo do  túnel. Devemos procurar as oportunidades que (todas) as crises oferecem e ter visão, saúde e boa vontade para mudar o que está mal e precisa de ser mudado. Mas isso requer coragem, optimismo e iniciativa. Então, “the sky’s the limit” – mas só assim.

domingo, julho 15, 2012

North Atlantic

NORTH ATLANTIC (vejam o filme em HD/full screen/auscultadores) está aqui:

http://www.youtube.com/user/yourfilmfestival?x=player%2FaScwR4tmFmI__en_us

Viva!Depois de um ano fantástico nalguns dos mais importantes festivais internacionais de cinema, o meu primeiro filme - NORTH ATLANTIC - foi recentemente seleccionado como uma das 50 melhores curtas entre 15 000 concorrentes no Youtube Film Festival. Agora, e até 13 de Julho, vai estar online para que o publico possa votar, elegendo os 10 melhores. Estes serão exibidos no Festival de Veneza, onde Ridley Scott escolherá um realizador/projecto de longa metragem para produzir. Como me podem ajudar? Passando o filme a um numero máximo de pessoas, sugerindo que o vejam e que, SE gostarem, votem e partilhem (com o link sempre acompanhado pelo título do filme, para que o primeiro nao se extravie). Caso gostem do filme e queiram e possam ajudar-me, por favor partilhem-no por fb, mail ou como puderem. Nesse caso, acrescentem que é a única curta portuguesa nas meias-finais deste campeonato do mundo de curtas! NORTH ATLANTIC (vejam o filme em HD/full screen/auscultadores) está aqui:

http://www.youtube.com/user/yourfilmfestival?x=player%2FaScwR4tmFmI__en_us

Para os apoiantes mais olímpicos: é possivel (e muito desejável!) votar uma vez por dia!A todos muito obrigado, um abraço,Bernardops: North Atlantic foi premiado em Varsóvia, Milão, Tóquio, Vila do Conde, Alaska(!), Savannah, Açores, Katowice, Funchal e Los Angeles, e seleccionado para BFI Londres (estreia), Palm Springs, Rio de Janeiro, Aspen, Toronto, Durban, Ankara, Bucareste e Vancouver entre muitos outros.


Woody Allen já chateia mas este é um filme divertido a não perder, se mais não for pelo pano de fundo...

Proteccionismo

O argumento começa assim: os produtores dos países campeões dos direitos humanos, da protecção social e do crescimento sustentável são vítimas da concorrência selvagem dos produtores dos países criminosos da mão-de-obra infantil, dos salários de miséria, da ausência de regras quanto à segurança no trabalho e à protecção do ambiente, da inexistência de qualquer protecção social.

[Pequeno parêntesis: lembram-se da Coreia do Sul nos anos 1960 e 1970? Era acusada de tudo isso! Protegeu esses factores “indecentes” de competitividade com o apoio activo (e autoritário) do Estado e saiu de uma situação de economia rural atrasada para uma de potência industrial. Infelizmente, o único factor de competitividade dos países pobres é a pobreza... até dela sairem... e poderem aplicar as políticas dos países virtuosos! Parêntesis fechado.]

Portanto, os países virtuosos devem proteger as suas economias... sem descurar a melhoria dos factores de competitividade nos sectores convencionais e um esforço de “upgrading” do padrão de especialização, privilegiando actividades de mais alto valor acrescentado. O blá-blá do costume que vai de caras contra o facto de que o emprego não se cria, no imediato, dentro de laboratórios de investigação científica. O emprego cria-se no curto prazo onde se precisa de trabalho com as qualificações disponíveis. A capacidade para vender no exterior depende de factores quantitativos (volume e preço) e qualitativos (qualidade, fiabilidade, design, eficiência na distribuição, serviço após venda). Nos bens e serviços “banais”, que continuam a representar uma parte substancial das (nossas) exportações e que estão mais expostos à concorrência dos países pobres e criminosos, o preço desempenha um papel central e nesse preço incluem-se coisas como o custo global do trabalho e o custo de inputs materiais (essencialmente energia e outros consumos intermédios).

O custo do trabalho corresponde à massa salarial (onde se incluem salários directos e indirectos, estando nos últimos as contribuições para a segurança social e outros benefícios) a dividir pelo valor da produção. Ou seja, nesse conceito está implícita a produtividade. Mais produtividade permitirá reduzir o custo unitário do trabalho, podendo-se manter ou mesmo aumentar a massa salarial. Por conseguinte, não teremos de empobrecer para segurar a competitividade-preço se a produtividade aumentar. Mas, o aumento da produtividade não implica apenas investimento em capital mais sofisticado. Implica mudanças qualitativas nos modos de produzir, nos métodos de gestão.

Quanto aos consumos intermédios, o que é preciso é eliminar rendas de situação, monopólios ou oligopólios que geram lucros desmesurados para uns tantos accionistas à custa do sistema produtivo e dos consumidores domésticos. Liberalizar sectores como a energia, as telecomunicações e outras infraestruturas de base não deve ser uma questão ideológica mas um imperativo de eficiência económica e de justiça social. Quanto se ganha em competitividade internacional por cada ponto percentual de redução do retorno accionista excessivo das empresas dominantes desses e doutros sectores de bens e serviços não transaccionáveis?

Os últimos parágrafos desviaram-me (saudavelmente) do argumento de partida. Recomecemos! Depois de fazer um salto colossal por cima das considerações que fiz nesses (intempestivos) parágrafos, dir-se-ia, portanto, que o proteccionismo desempenharia uma dupla função: salvaguarda do tecido produtivo e dos empregos dos países virtuosos em que vivemos e arma (político-económica) para fazer vergar os países pobres e criminosos de modo a imporem aos seus produtores, o mais rapidamente possível, as virtuosas regras dos países de velha industrialização. Assim se restabeleceriam as condições de uma concorrência leal. O comércio internacional seria finalmente fantástico de um ponto de vista económico, ético e político.
Aceitemos por um momento esta ficção... porque a Economia vive de ficções (de “factos estilizados”). O proteccionismo só tem sentido para proteger indústrias nascentes (proteccionismo de List) ou no caso de contar com significativas economias de escala. Portanto, suponho que o proteccionismo de que se fala seria aplicável ao nível de grandes economias (como os Estados Unidos) ou de grandes espaços económicos (como a União Europeia), transformados em fortalezas face ao Resto do Mundo, dentro das quais a eficiência poderia continuar a ser perseguida. Talvez houvesse um ligeiro problema de prejuizo do bem-estar económico mundial, mas que se justificaria pelo incremento do bem-estar económico no interior de cada uma dessas fortalezas durante algum tempo, até que todo o Mundo fosse virtuoso, em consequência desse proteccionismo pedagógico transitório.

Mas como conceber um proteccionismo colectivo da UE face ao Resto do Mundo quando no seio da própria UE eclodem tendências proteccionistas nacionais? Ontem o novo Presidente de França disse que estava disposto a subsidiar a compra por franceses de automóveis politicamente correctos (híbridos, amigos do ambiente, etc.) fabricados em França. Talvez a França tenha economias de escala que cheguem, mas um país como Portugal...

E depois, estamos a falar de que Resto do Mundo? Criteriosamente seleccionado segundo que critérios económicos e/ou políticos? Protecionismo por quanto tempo e até serem cumpridos que critérios de leal concorrência? Proteccionismo mediante que instrumentos? Taxas de câmbio? Barreiras aduaneiras? Especificações técnicas? Condicionalidade ambiental, social, politica? Proteccionismo hostil e unilateral ou negociado no âmbito da Organização Mundial de Comércio?

Parece-me que o proteccionismo como conceito seja uma manifestação de desespero e de impotência. Seria necessário admitir esta coisa elementar: a chegada dos pobres ao clube dos ricos (por meios seguramente pouco humanos e ecológicos, esperemos que transitoriamente) implicará sacrifícios durante algum tempo nos países ricos há muito tempo. Será inevitavelmente necessária a perequação de w/r com a convergência de K/L, num contexto em que o capital e o trabalho são cada vez mais móveis e, no âmbito de cada um deles, cada vez mais fungíveis.

Severn Suzuki


Leaders of the World, Take Notice!


“We are running out of policy rabbits to pull out of policy hats”

Não sou economista nem pretendo ser, mas tenho alguns conhecimentos sobre a história do sector bancario neste país, sobretudo a partir de 1929: desde as origens (causas) da “Great Depression”, às “providências” New Deal de FDR (medidas que, hoje em dia, são tão criticadas por elementos de direita) à promulgação de regulamentação bancária para evitar outro desastre semelhante ao de 1929. Depois vieram as políticas de desregulamentação dos mercados financeiros iniciadas (inicialmente “surrateiramente”) em meados dos anos 80 e depois (mais “descaradamente”) a partir dos anos 90 com a globalização - isto não precisei de aprender nos livros de história por se tratar de uma série de eventos que testemunhei ou que vivi na pele.  Mesmo assim, deixo os comentários desta entrevista que Nouriel Roubini  concedeu à Bloomberg TV aos verdadeiros economistas cá do sítio. Muito ridiculizado pelos “boys” da administração de GWB e apelidado de “Dr. Doom” pelos “pundits” da direita (sobretudo antes de 2008) Roubini continua tão pessimista (realista?) como sempre. Porquê? É simples:
1 – Nada mudou desde a actual crise económica que comecou em 2008: o incentivo dos bancos continua a ser enganar e cometer actos que são ou ilegais ou imorais.
2 – Nos Estados Unidos havia bancos grandes demais para falir e agora há bancos “that are even bigger to fail”
Problema:  existem hoje mais conflitos de interesse do que há quatro anos atrás.
Solução:  acabar com estes supermercados financeiros.
3 – A Cimeira Europeia foi um fracasso total; uma semana depois do BCE cortar as taxas de juros, os “yields” sobre a dívida espanhola estão de volta aos 7% e os mercados cairam 3%, i.e., está tudo na mesma.
           Solução: "Debt Monetization"
4 – A cereja no topo do bolo: 2013 = “the makings of a global perfect storm”
colapso da zona euro até 2015 (a começar com a Grécia em 2013 e, muito provavelmente, também Itália e Finlândia); guerra entre Israel-EUA-Irão; recessão nos EUA pior do que em 2008; emerging markets economic slow-down. 
Quando será que as grandes cabecinhas económicas do mundo se juntam para conceber e implementar métodos alternativos de economia e gestão aos actualmente em vigor? Stay tuned!

Para quem tiver estômago para tanta má previsão: http://www.bloomberg.com/video/roubini-says-2013-storm-may-surpass-2008-crisis-HCAjTp9VTD~gm6Ux8jnQvQ.html Nunca vi este homem sorrir – I wonder why?

sábado, julho 14, 2012

Dois dos meus favoritos:

Springsteen & Morello

Esta canção relata bem a realidade do post “uns com tanto outros sem nada”:
Man walking along the railroad tracks
Going some place, there’s no going back
Highway Patrol choppers coming up over the ridge
Hot soup, on a campfire, under the bridge
Shelter line stretching around the corner
Welcome to the New World Order
Families sleeping in their cars in the Southwest
No home, no job, no peace, no rest.
Well the highway is alive tonight
But nobody’s kidding nobody of where it goes
I’m sitting down here in the campfire light
Searching for the ghost of Tom Joad
He pulls a prayer book out of his sleeping bag
Preacher lights up a butt and takes a drag
Waiting for the last shall be first and the first shall be last
In a cardboard box ‘neath the underpass
You got a one way ticket to the promised land
You got a hole in your belly and a gun in your hand
Sleeping on a pillow of solid rock
Bathing in the city’s aqueducts
Well the highway is alive tonight, where it’s headed everybody knows
I’m sitting down here in the campfire light
Waiting on the ghost of old Tom Joad
Now Tom said, “Mom, wherever there’s a cop beating a guy
Wherever a hungry new born baby cries
When there’s a fight against the blood and hatred in the air
Look for me Mom, I’ll be there
Wherever somebody’s fighting for a place to stand
For a decent job or a helping hand
Wherever somebody’s struggling to be free
Look in their eyes, ‘ma, you’ll see me
Well the highway is alive tonight, where it’s headed everybody knows,
I’m sitting down here in the campfire light,
Waiting on the ghost of Tom Joad
Well the highway is alive tonight,
But nobody’s kidding nobody of where it goes
I’m sitting down here in the campfire light,
With the ghost of old Tom Joad (4X)



Uns com tanto, outros sem nada


Este post é deprimente, de modo que não o aconselho a quem se sinta abatido com as injustiças da vida. Relata a moda dos dias que correm neste país desde 2008: pessoas da classe média que perderam tudo o que tinham (incluindo a sua dignidade) e que agora fazem parte do grupo dos sem-abrigo. Muitos vivem debaixo de pontes abrigados do frio por caixas de cartolina; outros, como os exemplos citados neste artigo, vivem dentro dos próprios carros, aos quais se agarram com unhas e dentes e que fazem tudo por tudo para não perder, visto lhes permitir uma certa mobilidade para poderem procurar emprego ou irem à caça de comida. Enquanto que uns passam a noite em parques (nos quais, durante o dia, outras pessoas fazem jogging ou passeiam os cãezinhos – ignorando ou completamente alheios ao que se passa nesses mesmos parques durante a noite - ) outros passam as noites nos parques de estacionamento de igrejas. Tanto uns como outros são forçados a sair de manhã cedo porque, como diz o ditado, “out of sight, out of mind” e, tanto uns como outros, são vitimas de descriminação, da falta de um Estado social e da falta de escrúpulos dos causadores da trapalhada que actualmente assola grande parte do mundo ocidental.

Este artigo relata também o choque e desespero dos entrevistados, pessoas que, dum momento para outro, perderam tudo e agora vêem-se em situações até há pouco tempo inimagináveis.

Quando me lembro que há quem defenda que assim é que deve ser ou que os culpados são os próprios pobres porque não têm ambição ou porque são preguiçosos, sinto logo um calor na cabeça e a tensão arterial a subir.

Seguem-se alguns extractos; para lerem o artigo na íntegra:
http://www.rollingstone.com/culture/news/the-sharp-sudden-decline-of-americas-middle-class-20120622

  •   “The Safe Parking program is not the product of a benevolent government. (…) An appeals court compared one city ordinance forbidding overnight RV parking to anti-Okie laws in the 1930s. (…) local activists launched the Safe Parking program (…). But since the Great Recession began, the number of lots and participants in the program has doubled.”
  •   “People are crying, they're saying, 'I've never experienced this before. I've never been homeless.' They don't want to mix with homeless people. (…) they're lost, they're humiliated, they're rejected, they're scared, and they're very ashamed. (…) all of a sudden, you're in your car.”
  •         By 2009, formerly middle-class  people  like  Janis  Adkins  had begun  turning  up –  teachers and computer repairmen and yoga instructors  seeking refuge in the city's  parking­  lots. Safe-parking programs  in  other cities  have  experienced a similar influx of middle-class  exiles,  and  their numbers  are  not  expected  to decrease  anytime  soon.”
  •   “It  can  take  years  for unemployed  workers  from  the  middle  class to  burn  through  their resources – savings, credit, salable belongings,  home equity,  loans from family and friends. (…)  Janis Adkins (…)  "She's the tip of the iceberg," (…) "There are many people out there who haven't hit bottom yet, but they're on their way – they're on their way."
  •  “Government-aid agencies and private charities demand that applicants show a bundle of identifying documents (…) Many people don't have all of the required documents; homeless people often have none.  (…) at the aid agencies where they applied, (…) many (…) denied basic services for lack of paperwork.”
  •  “(…) welfare applicants must (…) disclose every possession and conceivable source of income they have. (…) many people (…) couldn't get food stamps because (…) car is worth too much(…) ‘OK, you have a car. But you've lost everything – your house, your job, your pride – and all you have left is that car and all of your belongings in it. And they say, You still have too much. Lose it all.' You have to have nothing, when you already have nothing."
  •   “When welfare applicants finally prove that they exist, and show their material worth to be nothing, they usually receive far less than they need to live on.” 
  •   “Most of the social-service systems in the United States function not to help people (…) get back to where they were, to a point of productive stability, but (…) to merely reduce the chances that they will starve. Millions of middle-class Americans are now receiving unemployment benefits, and many find themselves compelled by the meagerness of the assistance to shun opportunity and forgo productivity in favor of a ceaseless focus on daily survival. The system's incoherence and contempt for its dependents fluoresce brilliantly in the wake of a historic event like the Great Recession. When floodwaters cover our homes, we expect that FEMA workers with emergency checks and blankets will find us. There is no moral or substantive difference between a hundred-year flood and the near-destruction of the global financial system by speculators immune from consequence. But if you and your spouse both lose your jobs and assets because of an unprecedented economic cataclysm having nothing to do with you, you quickly discover that your society expects you and your children to live malnourished on the streets indefinitely.”
  •  “These systems (…) degrade and humiliate people. They're not solutions. They're Band-Aids on wounds that are pusing and bleeding."
  •  “However long it takes to lose everything, to get to the point where you're driving away from your repossessed home, the final unraveling seems eye-blink fast, because there is no way to imagine it. (…) you (…) won't have a mental category for your own homelessness (…) reality (…) seems to have sprung from nowhere.”
  •  “When negative thoughts come, it's important to be able to say, 'It's just a thought,(…)Just let it go.' When I get really down, I try to look at a worse-case scenario, like the pictures of the Haiti earthquake. I go, 'What could I do to help?' Things like that drive me forward." She also reminds herself to be grateful (…). Gratitude snuffs out self-pity.”

Vou ter que me lembrar deste último parágrafo; tenho, realmente, muitas coisas pelas quais estou grata. Há sempre quem esteja pior e acho que nada me livra de, um dia, chegar a uma situação semelhante. O meu maior medo é de um dia me ver sem um tecto e dinheiro para as mais básicas necessidades; só espero que, se isso algum dia acontecer, não me encontrar sozinha pois assim acho que não seria capaz. Mas também sei que não sou mais que os outros. 

"Homelessness gets in your bloodstream (...) and it stays there forever."

“Pensei na minha avó” - Diz o agente que lhe pagou a conta


Em Milão, Italia, um policia está a ser tratado como um herói depois de pagar a conta de uma idosa de 76 anos  apanhada a roubar uma caixinha de “Tic Tac” (umas pastilhas para o mau hálito que há aqui mas que não me lembro de ver em Portugal) num supermercado.

"Ela estava, obviamente, muito assustada e tremia como uma folha (...) percebi rapidamente que ela não era rica, mas uma daquelas pessoas que lutam para que o dinheiro chegue até à primeira semana do mês."

Este é um relato de uma realidade triste que se tornou, infelizmente, um pão nosso de cada dia. Mete raiva. Mas o que me enfurece ainda mais é saber que existem pessoas que roubam para terem tecto, comida e assistência médica...nem que seja por detrás de grades. Até quando para chegarmos à miséria dos dias dos contos de Charles Dickens ou da pequenita vendedora de fósforos (personagem de Hans Christian Andersen) livros que me marcaram tanto em criança?

Desesperos destes, situações destas, metem-me nojo! Há quem me diga para não me preocupar com os que vivem em situações precárias ou constrangedoras porque, “you can’t save them all - so for your own sanity you might as well ignore them.” E acho que é precisamente por isso que casos destes me afectam tanto: detesto sentir as mãos atadas!

(este link é para um jornal italiano; como é una lingua che non parlo, o resumo que fiz veio de um artigo já traduzido para inglês. Que me perdoe o Melga da outra margem se não estiver bem feito):

Alegrias de Verão

A quantidade incrível de concertos de Verão que enchem o país, as dezenas de milhares de pessoas que neles participam e o preço que se tem de pagar pelos bilhetes demonstram:

- O poder esmagador do divertimento e da alegria “against all odds” (“a crise pode esperar”, “tristezas não pagam dívidas”).
- Ainda há dinheiro para pagar o dispensável (Dr Vitor Gaspar: “continue a cortar nos rendimentos e na despesa pública que há muita gente que pode contribuir ainda mais para a sua tarefa patriótica de reduzir o défice”).

sexta-feira, julho 13, 2012

E que tal este?


http://www.youtube.com/watch?v=MrqqD_Tsy4Q

domingo, julho 08, 2012

A necessidade de Deus

Descobrir a chamada Partícula de Deus, a origem da matéria, o infímo a partir do qual a máquina do universo se pôs a funcionar, o que está a montante do que se julgava mais elementar, enfim, descobrir cientificamente a origem de todas as coisas tem um significado “monstruoso”. Estabelece o caminho para donde viemos e porque aqui chegámos, do que somos feitos. No fundo, elimina uma parte da necessidade de Deus e demonstra claramente que não foi Deus que criou o Homem, mas sim o contrário. Foi o Homem que criou Deus à sua imagem e semelhança, para melhor, porque o Homem é visceralmente fraco.

Ou seja: trata-se de uma descoberta que abre o caminho a investigação fascinante, não apenas no domínio da Física mas também no da Teologia. De facto, como já disse, o que está em causa é a necessidade de Deus. Mesmo que não tenha sido Deus a criar o Universo talvez se precise Dele para lutar contra o mêdo, para dar esperança e, sobretudo, para preencher esse horrivel vazio que é a morte e o possivel Nada de depois da morte. E parece que a Deus se chega com o coração, não com a cabeça.

sábado, julho 07, 2012

Policia Turística

Gostava de saber o que entendem por “respectful clothing”e se isso também se aplica aos homens: 
http://www.thenational.ae/deployedfiles/thenational/Sound%20and%20Vision/PDFs%20and%20others/proch.torsit.police1.jpg



 

As manas Cohen


Sadie (5 anos) e Eva (3 anos) são irmãs. Sadie, com a melhor das intenções, resolveu dar um corte de cabelo à irmã. Subiu para cima da pia da casa de banho para chegar à tesoura ... e aqui vai disto, ó Evaristo.

A mãe, quando viu aquela obra prima, começou aos gritos; depois de os ânimos acalmarem, o pai (que é jornalista) entrevistou as duas pequenitas e perguntou a Sadie porque tinha feito aquilo à irmã. As respostas e a inocência das miúdas (assim como a reacção da mãe) fazem-me lembrar um certo episódio cerca de 1967 que envolveu uma certa criança de 6 anos, a irmã de 3 e a mãe de ambas. Esse episódio não teve a ver com um corte de cabelo, mas sim com um vestido novo...e uma tesoura. E mais não digo.

Porque cortaste o cabelo à tua irmã? Porque lhe fazia comichão nas ancas e como já lhe chegava ao rabiosque quase que entrava pela retrete adentro:’cause it was all the way down to her tush and if she grew it any longer, when she wiped her butt...her hair was...like...it would go into the toilet…it would be gross…

“When I was finished I put the scissors back and looked back at her and was like, Uh, oh, this is bad; bad, bad, bad…”

Muito comprometida, Eva desce então as escadas e diz aos pais que tinha cortado o cabelo e perguntou se não era um corte bonito. Achei imensa piada à forma como as pequenas relatam a reacção histriónica dos pais –I didn’t know you were going to scream like that, though!”.  Eva tenta defender-se e diz que foi a Sadie que lhe cortou o cabelo; Sadie zanga-se porque tinha dito à irmã  para não dizer nada; o pai pergunta a Sadie o que fez ao cabelo da irmã e esta diz que o escondeu debaixo do aquecedor.

Cortar cabelo requer muita concentração, juramos não o voltar a fazer – EVER!

That was really, really, really terrible, but everyone does that kind of stuff sometimes; it happens like once, or twice, or three times in every life…or twice, or once…”  Que é como quem diz, nenhum de nós está livre de fazer asneiras pelo menos uma vez na vida...mas nunca repetir o mesmo disparate! 

Eva queria o cabelo cortado pelas razões mencionadas em cima. Não digo que tivesse sido este o caso, mas conheço muitos pais que não querem cortar o cabelo dos filhos, sobretudo quando a criança tem caracois (como Eva tinha) de modo que não me admiro que os pais tenham feito orelhas moucas ao pedido da filha. Entra Sadie, irmã mais velha, a salvadora, que compreende a irmã melhor do que qualquer adulto e deita mãos à obra. O que me faz pensar assim é a seguinte frase,I really wanted a hair cutter to cut it.” (cabeleireiro diz-se “hairdresser” e não “hair-cutter”). Depois de os pais levarem a pequena a um “hair-cutter” profissional para “emendar” o trabalho da “hair-cutter” amadora, Sadie já gosta do corte de cabelo da irmã e não a consegue imaginar com o cabelo comprido porque (nas palavras da pequenita) já lá vai muito tempo:I can’t imagine her hair long anymore, it’s been so long since I cut it.” Para uma criança de 5 anos “poucas semanas depois”, foi há muito tempo; para mim, foi hoje de manhã... 
Caption: The Immediate Aftermath
Ainda se vão fartar de rir com este episódio à mesa de Thanksgiving ou Natal com os filhos e pais. Acho que só quem já foi rapariguita desta idade e que tem uma irmã mais ou menos da mesma idade entende...


Tanta comoção por causa de cabelo, quando:





20 anos depois entrevista-se a si próprio quando tinha 12 anos (say what?)


Jeremiah McDonald, 32 anos, cineasta; Jeremiah McDonald, menino precoce aos 12 anos, decidiu filmar-se para conversar consigo próprio 20 anos mais tarde. O (engraçado) resultado e' este video.

A não perder... até ao fim - a história do poder económico em Portugal nos últimos 100 anos muito bem contada em 48 minutos

http://vimeo.com/40658606

Wall Street Journal

Os 10 países com as pensões públicas mais generosas:
Adivinhem quem esta' em 9º lugar


 Os 13 países que controlam o ouro do mundo:

domingo, julho 01, 2012

Campeones - foram simplesmente demasiado superiores... mais uma vez!

Mais um pequeno passo...

O último Conselho Europeu de 29 de Junho desembocou essencialmente nisto:

1) A União Europeia ajuda directamente os bancos sem passar pelos Estados... mas só quando o controlo dos bancos estiver nas mãos do Banco Central Europeu, ou seja, lá para o ano que vem. Não passar pelos Estados é bom porque alivia a promiscuidade entre bancos e Estados e porque não aumenta a dívida externa pública... apesar da dívida externa total do país em questão aumentar de qualquer modo. Por outro lado, assim se esvaziam ainda mais as funções dos bancos centrais nacionais.

2) Não resulta claro se essa ajuda específica aos bancos implicará igualmente condicionalidade macroeconómica como no caso de outros pacotes de assistência (e.g. Portugal). Parece que, sendo o problema especificamente bancário, os países em questão (desde logo a Espanha) não terão de apertar o cinto. Mas, admitindo que, pelo menos, o problema irlandês tenha sido também especificamente bancário, então a Irlanda pode queixar-se de lhe terem imposto sofrimento excessivo.

3) A União Europeia pode comprar títulos de dívida pública no mercado secundário e não terá estatuto de credor privilegiado, isto é: não será o primeiro credor a ser reembolsado em caso de escassez de meios de pagamento do devedor. Isto é definitivamente bom porque evita a fuga dos credores privados, os quais, num cenário de “Preferred Creditor Status” da UE, não estariam dispostos a emprestar nem mais um cêntimo aos Estados.

4) Foi acordado um aumento do capital do Banco Europeu de Investimento de 10 mil milhões de euros com o objectivo de aumentar a capacidade de concessão de crédito dessa instituição em cerca de 60 mil milhões de euros, o que poderá permitir investimentos da ordem de 180 mil milhões de euros para relançar a economia e o emprego (menos de 1.5% do PIB da UE).

No meio de tudo isto a injecção de dinheiro nos bancos espanhóis e a renúncia ao estatuto de credor privilegiado são as medidas com maior impacto imediato para acalmar os mercados. Mas, a viabilidade do euro na sua actual configuração não está assegurada e a Alemanha continua a dizer que apenas aceita a mutualização da dívida (eurobonds) quando, enquanto principal credor, puder controlar os orçamentos nacionais. Ou seja: união económica, monetária, bancária, fiscal traduz-se numa crescente partilha de soberania que resulta tendencialmente em união política, como sempre, controlada pelos mais fortes.