
Falta-me conhecimento e inspiração para escrever algo de útil e original sobre o 11 de Setembro de há 10 anos. As análises políticas, religiosas, militares, económicas, sociológicas, psicológicas, etc. sucedem-se a um ritmo vertiginoso, com mais ou menos presunção de lucidez, e podem ler-se em tudo o que é jornal e revista destes dias. Quero apenas dizer que a primeira vez que ouvi falar do que se estava a passar nesse dia nos Estados Unidos foi através da “melga do lado”, por telefone, estava eu em Roma. “Vê o que se está a passar na televisão”, disse-me ela com voz atónita, como se as suas palavras não conseguissem explicar o que até as imagens tornavam inacreditável. Quando olhei para aquilo julguei tratar-se de uma montagem para um de tantos filmes repletos de efeitos especiais que contam os ataques de bárbaros e extra-terrestres contra a “Holly America”. Aquilo era demasiado aterrador para poder ser outra coisa para além de ficção. A fronteira entre a realidade e o pesadelo tinha sido definitivamente ultrapassada. Nesses casos a incredulidade é uma defesa natural. Mesmo muitas pessoas directamente expostas à tragédia ficaram dias, semanas, meses a fio a negar ou a recriar o que tinham vivido. Ainda hoje há gente que adere a teorias conspirativas ou à fantasia mais demente, dizendo, por exemplo, que nenhum avião se despenhou contra os edifícios do Pentágono. Há mesmo vários livros sobre o tema... com tiragens respeitáveis. Quando a realidade se desvia de forma brutal ou inverosímil de uma certa normalidade (mais ou menos tranquilizadora) as pessoas escondem-se como avestruzes até se renderem finalmente à evidência do distúrbio das suas “zonas de conforto”. O próprio Bush, então Presidente, estava na Flórida numa escola primária e tardou a convencer-se de que se tratava mais do que um crash de uma avioneta. Finalmente reagiu e activou os adormecidos ou aturdidos sistemas de defesa dos Estados Unidos. Tarde demais e para nada... O que não o impediu logo a seguir de reagir de maneira altamente discutível, desencadeando guerras que mais não foram do que dispendiosos actos de desespero do declíneo americano.
1 comentário:
Palmas (imagina os efeitos sonoros)
Enviar um comentário