sexta-feira, julho 22, 2011

Férias

Finalmente, chega um ar de férias. A passagem de um ritmo frenético a um estado de repouso tem alguma coisa de melancólico, como quando se está à janela, esperando que acabe de chover e tal não acontece. As pingas de chuva continuam a jorrar pela vidraça. Até que aparece o sol, tímido no princípio, mas, aos poucos, inundando o céu e a terra e aquecendo a alma.

As férias tem qualquer coisa de fictício para quem se afoga no trabalho. São, ao mesmo tempo, desejadas e temidas, necessárias e perniciosas. É pena ter medo das férias, chatear-se durante as férias, desejar que acabem depressa, mesmo antes de começarem. Essa atitude configura uma doença, incapacidade para percorrer várias dimensões da vida, para permitir uma pausa no meio de um cansaço endémico, tornado indispensável à sobrevivência. Imagino que seja por estas e por outras que muitas pessoas não resistam a um estado mais permanente de repouso quando se reformam e tropecem inesperadamente na morte.

Tudo isto serve apenas para ilustrar que no meio está a virtude, que as pessoas não se devem alienar com uma única versão da existência, que não se podem meter todos os ovos debaixo da mesma galinha, que a vida deve ter várias cores e interesses.

Olha quem fala... Que bom manter alguma vontade de rir (ou chorar...) de si próprio!

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