quarta-feira, setembro 06, 2006

Natasha

Esta coisa da Natasha, aquela rapariga austríaca de carinha redonda que foi raptada quando tinha 5 ou 6 anos e que permaneceu em cativeiro até aos 18 anos, tendo fugido do seu raptor há umas semanas, já cheira mal. A sua relação com o dito-cujo não terá sido assim tão cruel e, no fim de contas, parece que até haveria algum respeito e simbiose entre « vítima » e « criminoso ». Logo após a fuga da moça, o vilão suicidou-se. Evidentemente, a história terá deixado importantes sequelas em Natasha, convertendo-a numa espécie de objecto de pesquisa.

Trata-se de compôr um evento, de fazer render o peixe sobre uma história naturalmente insólita, mas que deveria manter-se no foro privado. É uma prova da mediatização e da mercantilização dos dramas individuais, da curiosidade mórbida da opinião pública cultivada com esmero pelos orgãos de comunicação. A entrevista da vítima irá para o ar hoje e a expectativa na Austria e um pouco por todo o mundo é mais do que muita. Parece que a rapariga tem gerido de forma surpreendentemente adulta (quase profissional…) o seu silêncio, as suas parcas declarações e a sua aparição. Existe uma bateria de psicólogos e outros especialistas que ornamentam o caso de comentários mais ou menos misteriosos que aguçam o apetite pela entrevista. Enfim, voyeurismo global cuidadosamente cozinhado. Um caso cuja visibilidade é um múltiplo enorme da sua pertinência substancial para uma audiência global. Imaginem se todos os dramas individuais (e sobretudo colectivos) que por aí andam tivessem a mesma ressonância…

18 comentários:

Mariana disse...

A sua relação com o dito-cujo não terá sido assim tão cruel e, no fim de contas, parece que até haveria algum respeito e simbiose entre « vítima » e « criminoso ».

Não concordo nada com o que diz aqui, acho que essa "simbiose" se alguma vez existiu deveu-se apenas às circunstâncias em que se deu o rapto e à idade que ela tinha quando foi raptada, já que era pequena e se calhar não tinha bem consciência do que lhe tinha acontecido. Depois de viver durante anos com um homem que fazia de pai, de amigo e de amante e sobrevivendo naquela realidade estranha a nós, mas que ela não conhecia outra, é que teve de se adaptar, por força das circunstâncias, daí agora estar relutante em descrevê-la como má e ter desenvolvido o chamado Síndroma de Estocolmo. Aliás, penso que se ela não estivesse desconfortável com a situação não teria fugido!
Concordo, no entanto, que talvez esteja a ser alvo de exagerada mediatização dos media, nem falo tanto em relação a Portugal (onde nem parece nocivo que tala conteça), mas sim na Áustria (mas, confesso não estar a par do relevo dado ao assunto por lá), que é o país onde suponho que ela continuará agora a viver e a refazer a sua vida.

Pedro Monteiro disse...

"A sua relação com o dito-cujo não terá sido assim tão cruel e, no fim de contas, parece que até haveria algum respeito e simbiose entre « vítima » e « criminoso »."

Por respeito, eu atrevo-me apenas a dizer que este comentário é infundado e de mau gosto. Sugerir que uma pessoa que foi abusada sexualmente (era menor, estava numa posição de inferioridade), mantida numa cave durante 10 anos, privada do convívio com jovens durante a juventude foi, afinal, feliz e até teve uma "relação com o dito-cujo [que]não terá sido assim tão cruel" é ignorar totalmente o que a Psicologia nos diz e o que foi revelado até agora. O senhor que a raptou (uma boa pessoa, afinal) oscilava entre o amigo e o inimigo. Tanto-lhe batia e a castigava como a recompensava (generosamente!) com... com bolachas. E, vejamos, ela até (até!) tinha o privilégio de sair à rua... a passear... como um cão...

De facto, eu só tenho pena de já não ter 10 anos e não ter sido raptado e abusado por alguma mulher pertubada. Que bom seria! :-)

Pedro

Miguel disse...

Para que a coisa seja clara: em relação à frase em questão, limitei-me a copiar o que aparece nos media. Não disse que partilho essa opinião àcerca da putativa bondade da relação nem tenho outros meios de saber como a experiência foi de facto vivida pela Natasha. Também não me aventuro em psicologia clínica. Apenas me faz impressão a extraordinária visibilidade do caso que me parece servir vários tipos de oportunismo.

Alice disse...

No outro dia li no "Correio da Manhã" uma suposta reportagem em que a rapariga, de facto, dizia que o seu raptor sempre foi uma pessoa meiga e respeitadora... Prefiro nem saber mais, não me quero aproximar de voyerismos.

Pedro Monteiro disse...

A rapariga em questão está tudo menos normal. Nada do que ela diz pode ser interpretado como uma afirmação de alguém que tem plena consciência do que diz. Ela viveu isolada e reprimida. Sobreviveu, sobretudo. Ela não tem capacidade para de uma forma saudável exprimir emoções acerca do seu raptor/amigo/inimigo/pai/amante. Está tremendamente confusa. Há ali sinais de maturidade, dizem. Provavelmente. Outra coisa não seria de esperar de uma rapariga que foi obrigada a abdicar da juventude, cujo único contacto nos últimos dez anos (uma década!) foi um adulto. E, no entanto, penso, está ali uma grande criança, uma grande mágoa, um grande sofrimento. Se fosse feliz, se estivesse confortável com a situação e se sentisse segura não fugiria.

Eu não a vejo senão como o que ela é: uma vítima.

Pedro

Miguel disse...

Excelente comentário pela substância e pela forma.

Esta troca de opiniões prova que talvez me tenha enganado, isto é, que a história da Natasha é mais relevante para o debate sobre os insondáveis mistérios da natureza humana do que eu pensava... Relevante também para estabelecer as fronteiras entre os lados doente e saudável da psicologia humana. Portanto, a visibilidade que os media lhe estão a conceder talvez seja justificada, não obstante os interesses bem prosaicos (i.e. financeiros) que também a inspiram.

Miguel disse...

Ontem jantei com um colega austriaco que conhece pessoalmente alguns dos protagonistas da história, designadamente, o director de um dos jornais envolvidos. Deu-me novidades incríveis e preocupantes. Sabiam que a "menina" aceitou a proposta de um "manager de imagem" para administrar durante 10 anos a sua exposição pública, a utilização da sua história por quaisquer autores (de livros, de filmes, etc.) e consequentes receitas ? Sabiam que deu a entrevista à ORF (televisão pública da Austria) na condição de receber todas as receitas decorrentes da revenda da referida entrevista pela ORF a outros orgãos de informação ? Parece que quer utilizar uma parte dessas receitas para criar uma fundação de ajuda às vítimas... Sabiam que já deu entrevistas exclusivas a dois jornais ("News" e "Krone") contra pagamento por esses títulos de todas as suas despesas pessoais durante os próximos 10 anos ? Sabiam que a "menina" está a ser ajudada/aconselhada por psicólogos, juristas e outros especialistas pagos pelo governo austríaco ?

Imaginem se a moda pega...

Mariana disse...

Bem, lendo essas novidades parece-me claramente é que as pessoas que lhe fizeram essas propostas se estão a aproveitar do seu estado frágil para a convencer a entrar em negócios. Não me parece plausível que alguém que tenha estado 10 anos raptada por um maníaco qualquer tenha fugido com a intenção de se aproveitar disso a seu favor... penso que ela não faz a mínima ideia como se comportar no mundo real (já que foi retirada dele aos 8 anos) e, portanto, não vê que pode ser nocivo participar nessas coisas. Além disso, não teve qualquer educação durante este tempo, portanto quais são as chances de agora poder ter um emprego ou prosseguir estudos? Qual é que vai ser a sua ocupação na vida? Quem é que a vai sustentar? Parece-me muito mais imbecil que "celebridades" portuguesas viajem ou comam à custa de revistas do coração, ou ganhem balúrdios por aparecerem semi-nuas na sua capa, que estas situações de "aproveitamento" que referiu...
Quanto a estar a ser ajudada/aconselhada por psicólogos, juristas e outros especialistas pagos pelo governo austríaco, acho muito bem que assim seja. E era bom que a moda pegasse por aqui, sim. Para alguma coisa o Estado conta com uma série de profissionais e técnicos dessas áreas e por alguma coisa eu gostava de, um dia, fazer parte desse grupo (como jurista).

Miguel disse...

O meu receio é que a "menina" seja de facto menos vítima e menos ingénua do que a nossa inocência possa fazer crer e que tudo obedeça a um monstruoso "business plan" arquitectado cuidadosamente durante anos por uma mente ou mentes perversas. A realização de tal conjectura faria do caso um verdadeiro monumento à maldade e ao cinismo.

Sinceramente, espero que o que acabei de escrever seja uma hedionda especulação negada pelos desenvolvimentos ulteriores do caso. À suivre.

PS: aprecio a sua lógica generosa e faço votos de que a possa realizar plenamente em breve enquanto brilhante e dedicada jurista. E depois falam em "geração rasca"...

Pedro Monteiro disse...

"Parece que quer utilizar uma parte dessas receitas para criar uma fundação de ajuda às vítimas... "

O Miguel, de facto, pode muito bem afirmar que "a "menina" seja de facto menos vítima". Como alguém poderia ser tão má ao ponto de usar o dinheiro que ganhou nesta situação para criar uma fundação? Admito que é uma opção menos ingénua do que o gastar directamente numa viagem a Florença. Eu creio que esta rapariga mostra, após uma experiência cujo trauma você ainda não conseguiu perceber, uma capacidade para pensar nos outros extremamente rara. Como é que alguém que há dez anos não sabe o que é o mundo exterior pode ter esta ideia? A rapariga em questão revela alguma maturidade (não necessariamente positiva). Já lhe expliquei o porquê.


Ela tem noção da sua tragédia, de que lhe fizeram abdicar da juventude, da liberdade. Também mostra uma certa vontade de assumir, agora, o seu destino. De ser livre. Está a cometer erros? Sim. Isso faz dela má ou menos ingénuo? Absolutamente que não. Sugerir que se pode comparar alguém que viveu o que ela viveu às raparigas da idade dela que você conhece é ignorar o que a Psicologia, a Psiquiatria, a Medicina, a Pedopsiquiatria e todas as teorias do desenvolvimento nos dizem. Não é intelectualmente honesto. Eu não posso consentir esta "auto da fé" injustficado e que quase coloca a rapariga numa posição de culpada pela sua tragédia e quase ignora o grande culpado por esta situação de merda (porque é uma sitação de merda): o seu raptor.

Pedro

PS- Provavelmente ela antes de ser ingénua é inteligente e já se perguntou o que será dela sem estudos (quere-os acabar), sem vida social, sem experiência no mundo real e com a debilidade psicológica que tem e terá. Quem lhe garante que daqui dez anos não estará pobre e isolada? Não tem ao menos direito de exigir uma idemnização como já fez? Não tem o direito de chamar a atenção para estes casos? Porque eles existem. E, caramba, eu reagiria exactamente como o pai dela reagiu quando soube da sua fuga: chorava de dor e alegria.
O triste nisto tudo é que o Miguel tem uma teoria inicial. Não a quer perder. Eu compreendo. Agora, neste "pequeno debate" você já voltou atrás na sua posição duas vezes. Eu não gostaria de ver as pessoas a serem condenadas com tanta facilidade!

Miguel disse...

Construí apenas uma suspeita (teoria?) a que estou prontíssimo a renunciar contra a prova dos factos. Os seus textos implicam julgamentos, suposições, especulações talvez mais fundados do que a minha suspeita à luz do senso comum. Mas, precisamente, a minha suspeita inspira-se na negação do senso comum...

Só os burros não mudam de opinião na base de factos.

A propósito, concerteza não negligencia o facto (porque de um facto se trata) de que o raptor já foi exemplarmente punido, ou melhor, severamente auto-punido...

Pedro Monteiro disse...

Se você acha que o suicídio dele é uma punição... repare que o suicídio deu-lhe uma liberdade que não merecia e impediu que fosse punido! Para mim aquele canalha (o seu nome poderá ser um bom sinónimo de canalha) não merecia o fim que teve. Mas não me espanta que considere que o fim que ele teve seja suficiente. E acho ainda mais grave que chege a especular que ela tenha planeado com ele a exploração mediática do caso.

Quanto aos "só os burros não mudam de opinião na base de factos" é estranho que, então, tenha mudado de opinião (regressando agora, vigorosamente, à original) por duas vezes. É que, nesse caso, os factos contradizem-se.

Pedro

Pedro Monteiro disse...

Só existe um aspecto positivo no seu suicídio: ela não o ter que confrontar após a fuga. Não seria saudável ou positivo.

Agora, isso não torna o seu fim num castigo exemplar.

Pedro

Alice disse...

Acabei de assistir a uma entrevista com o professor da FPCEUC, Eduardo Sá, que disse várias coisas interessantes:

1º- Ainda há muita coisa por acontecer, a rapariga ainda está ofuscada pelo mediatismo que lhe estão a dar. Falta-lhe chorar. Quando toda esta febre passar, provavelmente veremos uma Natasha completamente diferente daquilo que nos é mostrado hoje... Menos lúcida, menos adulta.

2º- O discurso da entrevista da Natasha é demasiado calmo e lúcido para quem passou por uma situação daquelas. Inclusivamente há contradições no que ela retrata, nomeadamente, em relação aos pais. O que, para Eduardo Sá, demonstra uma grande "preparação prévia", um grande trabalho sobre o que dizer, não dizer e como dizer.

Mariana disse...

A propósito, concerteza não negligencia o facto (porque de um facto se trata) de que o raptor já foi exemplarmente punido, ou melhor, severamente auto-punido...

Eu não acho que ele se tenha suicidado num acto de auto-punição (mas aqui poderei estar, claro, a especular, mas é a minha opinião). Penso que ele deve ter ficado tão furioso e triste com o facto de ela ter fugido, que se suicidou por não aguentar a rejeição que isso demonstra e o que daí lhe iria advir. Porque alguém que mantém uma criança/adolescente presa durante 8 anos não deve ter propriamente consciência ou arrependimento de que o que fez foi errado, senão tinha-a soltado antes (o nem a tinha raptado, primeiro de tudo). Acho que quando ela fugiu não se deu uma epifania do tipo "ah sim, agora vejo como fui mau, vou-me suicidar como castigo", mas sim uma desilusão por aquela "companheira" de tanto tempo afinal não se sentir bem com ele e o ter querido deixar.

Miguel disse...

os factos no Le Monde on-line de hoje

http://www.lemonde.fr/web/video/0,47-0@2-3214,54-810364@51-803545,0.html

http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3214,36-810312@51-803545,0.html

http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3214,36-810376@51-803545,0.html

Anónimo disse...

Peço desde ja desculpa pela minha escrita ,os mil erros e abreviaturas..mas já tava a ficar com sono e assim foi mais rápido!lol


"Como é que alguém que há dez anos não sabe o que é o mundo exterior pode ter esta ideia?...Eu creio que esta rapariga mostra, após uma experiência cujo trauma você ainda não conseguiu perceber, uma capacidade para pensar nos outros extremamente rara..." diz o Pedro face à ideia de ela usar o dinheiro pa uma "campanha de fundos de ajuda às vítimas" , valorizando a sua extrema capacidade de análise da situação em q está envolvida o q a leva a uma elevada consciencialização e altruísmo de salientar.. pah Pedro aquilo q eu acho é q mt sinceramente ela n tem condições para ter essa "capacidade para pensar nos outros extremamente rara".. tanto porque pela infeliz juventude q teve e o próprio contexto social(inexistente)em q se formou n me parece possível q ela fosse capaz de discernir ao ponto de tomar uma atitude dessas sozinha especialmente após uma situação traumática do género!! Daí q concordo com o Miguel qd ele diz q de facto há aproveitamento e muitos interesses à volta deste acontecimento, o q não nos deve surpreender particularmente, pq isso n é mais do q o prato do dia no nosso próprio país, a diferentes níveis.. no entanto, o facto d não nos surpreender n deve ser motivo para não nos chocar.. Neste caso específico surge a campanha de fundos q na verdade n me preocupa minimamente e até acho bastante justa agora n nos enganemos a dizer q ela tem uma “capacidade extremamente rara..”.....Incomoda-me sim o enorme role de influências q a rapariga vai e está a sofrer a vários níveis bem mais inquietantes como a venda da história,da imagem, do sofrimento, da dor, falta de privacidade.. q considero importantes e q n me parecem de todo contribuir para uma plena recuperação e estabilidade emocional necessárias..
Assim, para mim é evidente q há um enorme oportunismo de muita gente com esta situação!! É claro q no meio de tudo isto ela certamente tb vai ter valias substanciais (como tu referias Pedro) tanto pela atenção q lhe é dada (d q nunca outrora tinha sido alvo), tanto pelo apoio no desenvolvimento das suas capacidades sociais( q tanto precisará), tanto pela possibilidade q terá para “acabar os estudos”.. o q me preocupa é o efeito preverso q isto tem e daí q tenha de ser bem gerido e gradual para o bem da jovem até pq por aquilo q me apercebo, os jornais, as cadeias televisivas.. em suma: o Capital em geral n se costuma preocupar muito com as pessoas, mas apenas com o crescimento dele próprio, logo é só a tinta desta tiragem acabar q a jovem voltava a uma situação de nova confusão como a de qd chegou ao mundo qd conseguiu fugir!!E neste ponto subscrevo totalmente o q a Mariana referiu que “n é plausível que alguém que tenha estado 10 anos raptada por um maníaco qualquer tenha fugido com a intenção de se aproveitar disso a seu favor... penso que ela não faz a mínima ideia como se comportar no mundo real (já que foi retirada dele aos 8 anos) e, portanto, não vê que pode ser nocivo participar nessas coisas...” A rapariga, de facto, n faz obviamente a menor ideia no q se está a meter daí q seja ainda mais importante o acompanhamento não dos jornais ou das televisões mas de profissionais q com discrição e valor a façam superar e recuperar o possível do q até agora de tão importante já perdeu!
A ter em conta q com estas humildes conjecturas e afirmações posso estar a cair no mm erro do Miguel q o Pedro falava de “..ignorar o q a Psicologia, a Psiquiatria, a Medicina, a Pedopsiquiatria e todas as teorias do desenvolvimento nos dizem..” e peço desculpa Pedro se o estou a fazer mas enquanto n tenho esses valiosos contributos das ciências e ramos especializados da Medicina fica aqui a minha modesta opinião, do senso q com o tempo fui adquirindo!

Bem saudável isto dos blogs... vou aparecendo mais vezes!! Ciao =)

Alice disse...

welcome;)