quinta-feira, junho 29, 2006

A cultura do novo capitalismo

Aconselho vivamente a leitura do livro aqui ao lado. Uma análise interessante do sociólogo Richard Sennett (Professor da London School of Economics) sobre a evolução da super-estrutura cultural do capitalismo, desde a sua versão weberiana e social até à sua actual aparição, vulgarmente chamada de neo-liberal.

Fala-se do desmoronamento das instituições do capitalismo social, da hipertrofia do "eu" como "potencial" e desprovido de passado, da cisão entre poder e autoridade, do império do curto prazo e da celeridade, do declínio da "gratificação diferida". Interessantes as ideias de que o poder se exerce cada vez mais por e-mail e sem contacto "visual" entre chefe e subordinado e de que se espera que os empregados das empresas da "nova economia" se comportem como se fossem empresários no seio de burocracias com um número cada vez menor de níveis hierárquicos.

A actual meritocracia valoriza, não um conhecimento profundo de um ofício, mas a capacidade de mudar rapidamente e de se adaptar a contextos variáveis, caracterizados por relações sociais superficiais e precárias. As competências tornam-se, assim, mais intangíveis, incertas e efémeras, provocando frequentemente a "inutilidade" das pessoas. Num certo sentido, essas competências são mais democráticas, mesmo que isso signifique também mais medíocres e voláteis.

Para aguçar ainda mais o apetite ver aqui e aqui.

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