sábado, junho 03, 2006

Caros advogados

Não conheço melhores artistas da utilização viciosa da linguagem do que os advogados (que me perdõem os meus caros amigos desse ofício...).

Quando, representando uma das partes, escrevem cláusulas de um contrato, presumivelmente acolhendo os pertinentes comentários da parte oposta, começam por dizer que sim senhor para, logo a seguir, abrirem não sei quantas excepções, imporem não sei quantas condições, negarem não sei quantas negações. No fim desses exercícios de poluição lógica, ética e linguística, o que lhes foi pedido sai completamente distorcido, descaracterizado, inóquo. Aos advogados da outra parte, então, cabe entrar no esquema, continuando o mesmo jogo insidioso de esperteza saloia, tentando repor, com fórmulas igualmente "criativas", a substância do que tinha sido pedido. Após incontáveis comentários e contra-comentários, as ditas cláusulas ou, subrepticiamente e vergonhosamente, enviezam a coisa a favor de uma das partes, ou são simplesmente ininteligíveis e não valem nada... Ou melhor, valem os honorários que, pelo caminho, as incautas partes tiveram de pagar a estes mestres da lógica da pastilha elástica, ou do mastiga-e-deita-fora.

E mesmo quando se ganha, é elevada e probabilidade de que os benefícios sejam largamente, senão totalmente, comidos pelo nosso caro advogado. Portanto, "watch out".

Advogados? Também os há competentes e honestos...

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